Momô,
Eu fiquei aqui procurando palavras que representassem o meu carinho, meu amor e admiração por você. Que conseguissem explicar o quanto podemos ser tão parecidos, e ao mesmo tempo tão diferentes. Sem parecer piegas, sem que isso soasse um amontoado de coisas que dizemos sem sentido (e olha que somos experts nisso), mas acredito que quando falamos de almas, de sensações e de pessoas, acabamos sempre por não nos fazer entender completamente.
O que sinto por você é mais que admiração, é respeito, é cumplicidade.
É mais que carinho, é amor daqueles que sentimos por quem queremos muitíssimo bem. Aquele amor que quer proteger.
Aquele Amor de paixão mulher e homem.
Você é daquelas pessoas extraordinárias, que não apenas existem e sobrevivem, tem ânsia de viver, a urgência de realizar, é pequeno para sua própria existência.
Lembro-me de uma História:
"Barrabás chegou à família por via marítima, anotou a menina Clara com a sua delicada caligrafia. Já nessa altura tinha o hábito de escrever as coisas importantes e, mais tarde, quando ficou muda, escrevia também as trivialidades, sem suspeitar que cinquenta anos depois os seus cadernos me iriam servir para resgatar a memória do passado e sobreviver ao nosso próprio espanto..."
É assim que começa A Casa dos Espiritos, falando sobre uma menina que escrevia, e que anotava tudo, que colocava em linhas todo seu pensar, uma menina que escrevia para salvar-se ou salvar alguém, que escrevia sem se dar conta do quanto isso acabou sendo importante para as outras pessoas.
E assim é você.
Alguém que não pára de ver fazer e estar atento para esvaziar-se, para entender-se e assim, despretenciosamente, consegue fazer com que pessoas sintam-se semelhantes, consegue sem nunca ter trocado um simples olhar, que eu possa me sentir tão próxima e realmente querida.
És como Clara no que se refere a conhecer a alma humana.
Assim como te encontrei e te reconheci em Clara, tens um pouco de cada, e de muitas pessoas, a inquietude de Clarice, a maneira perspicaz de Caio, a ironia de Calvin...
Não adianta, me perco nas palavras e não consigo chegar...
Bem, esta é a cartinha que deveria ter mandado para você e que talvez você nunca irá ler... espero que como eu, tu te encontre e te reconheça nas linhas da história dessa familia, que entre tantas pessoas teve uma, Clara, Claríssima, Clarividente, que decidiu ficar 9 anos sem falar, não porque não pudesse, simplesmente porque lhe faltava vontade.
Amo vc demais seu viado!!
<Eu no dia 7/21/2008 09:38:00 PM